porque assim te sonho

há gemidos que se soltam
na conversa porosa
dos nossos corpos…

possuo-te

olhando-te simplesmente

dizes palavras inabitadas...

o poema tem o tamanho da nossa noite

choque!!!!!!!!!!!!!!!!!

                              só porque sim....

passando para te dizer:

        gostava de te ver
       nua
       minha...

e o teu respirar...

o teu corpo nu está aqui

e não noutro lugar…

passa e verás.

é na fonte que bebo as palavras

feitas sentir

busco apenas as palavras que te digo
em silêncio

olho-te nua

ajoelho-me entre as tuas coxas

uso o teu sexo docemente

alimento-me

do teu mel.

o amanhecer

traz os gemidos dos amantes

não escrevo, 
não respiro, 
simplesmente te olho nua...

acordo.

espero que nasça em ti o meu sorriso

e beijo os reflexos da luz no teu corpo…

toco o teu corpo
enquanto te contorces num lento despertar

visto as manhãs de lavado

e o corpo fala…

chama-me...
quero tanto ir.

porque sim

a primavera a colar-se no meu corpo

é tão fácil amar quartos na penumbra de estores corridos 
onde queremos chegar com tempo de estar e sentir...

porque ainda tenho sede de ti

ainda não é desta que nos perdemos um do outro

é doce a lava do teu vulcão

a minha pele despe vagarosamente 
       a tua

e os encontros tinham hora marcada

cada beijo era a hora, o local

 eternamente

dá-me qualquer coisa que me pareça eterno

                                                                                                          respira-me

porque sinto sede de ti

olho-te e
voam certezas para todos os lados

há noites assim

viajo-te.

os meus lábios da noite

têm a sede

dos teus seios,

do teu ventre

das tuas coxas…

pudesse eu um beijo...

e se o mar hoje estivesse do lado de cá?
...poderia navegar-te

beber-te!
arrepia...

ver o sol a clarear-te os cabelos. as margens delgadas.

apetece-me o teu abraço. longo.

gosto do arrepio que me deixas na pele

a noite escorre-te pelos cabelos,

lentamente.

bebo-te a saliva

e cresce-me o desejo na ponta dos dedos

gostava de inventar estrelas

antes da noite chegar

deita-te na palma da minha mão

podia assim lamber-te o sorriso...

dormes na minha insónia

bom dia em tempo de chuva

nunca ficarei saciado

hoje escrevi-te um poema

encontro-te no vento

tenho-te na minha pele

                       e não te quero despir

estou aqui para marcar as palavras

                                    que se perdem na noite